Como já referi no post anterior, para a realização de Magia Cerimonial de Conjuração é necessário um Círculo Mágico. Nest post vou mostrar como fiz um dos meus primeiros círculos há vários anos atrás. Mostro este porque é relativamente simples de ser feito, e bom para iniciados.
Por conseguinte, uma vez com o desenho e para manifestar esta Magia na nossa realidade concreta, tive de procurar tudo o que era necessário para a sua realização. Para isso, comecei por ir comprar uma lona de algodão. O algodão também serve para o efeito pretendido, contudo os materiais mais nobres são o linho ou carpete. Na altura, por não poder despender de muitos recursos económicos optei pelo algodão, e para alguém se iniciar não é preciso investir assim muito dinheiro. O que agora uso, um círculo bastante diferente em lona de Linho para Alta Magia Negra, custou-me há uns anos cerca de 650€ só o tecido. Contudo, em algodão se a memória não me atraiçoa foi qualquer coisa como 40€.
Então, nessa altura comprei lona de algodão com 1.8m por 2.4m, o que era o tamanho necessário para trabalhos sobre quatro paredes, além de ser o tamanho que cabia na sala de magia do sítio onde na altura morava.
Depois fui comprar tinta preta acrílica, vários pincéis, cordel e fita autocolante para pinturas. Em todo o material que utilizei, aspergi, fumeguei e purifiquei segundo os ritos do Clavicula Salomonis. E juntei todo o material em frente de uma vela consagrada, e rezei as orações próprias de consagração e purificação.
Depois passei à purificação do tecido, tendo colocado Óleo de Abramelin (mais à frente colocarei um post sobre a importância e preparação de Óleo de Abramelin) nos quatro cantos do tecido, mais nos quatro cantos dos pontos cardinais a virem ser desenhados no tecido. Depois queimei ólibano e mirra e levantando o tecido fui fumegando por cerca de uma hora, de maneira a que estes odores mágicos de purificação se fossem entranhando no tecido.
Durante o processo de realização do círculo apenas tinha vestido uma túnica branca devidamente consagrada, isto porque teria de estar agachado sobre o tecido pelo que teria de tocar no tecido, e arruinaria o projecto tocá-lo sem antes eu próprio estar purificado e alvo, assim como o tecido sobre mim.
Depois com o auxílio da fita autocolante, também ela purificada, ia colocando sobre o tecido não só para auxiliar nas pinturas, mas principalmente para nessa fita fazer as inscrições a lápis para depois em cima fazê-las mais direitinhas com o pincel.
Depois com o auxílio de um cd que tinha por casa; que também ele foi fumegado e purificado, pois o seu uso apenas que simples, sem as devidas preparações, poderia ter arruinado todo o projecto, utilizei para fazer os cantos interiores da cruz com forma circular.
Uma vez tendo terminado o processo, peguei em todos os instrumentos consagrados, atei-os e coloquei dentro de um saco de tecido de algodão que previamente comprei para quando preciso de deitar fora as ferramentas. Como se sabe, os materiais consagrados não podem ser deitados para o lixo como fazemos com os restos da comida. Ou se queimam, ou se enterram em locais próprios. Como na altura não tinha uma lareira para os queimar, e como na altura também morava no centro da cidade, não podia fazer uma fogueira na rua, então de noite levei-os para o terreno de um cemitério nas redondezas da cidade e ali enterrei-os a uma boa profundidade. Só mais tarde vim a saber, que também os poderia ter deitado ao Rio ou então enterrado-os num sitio mais seguro para mim, a saber numa propriedade onde estivesse uma Igreja presente.
Uma semana depois do Círculo Mágico preparado, chega a altura em que se vai consagrar o próprio Círculo em si. Isto é um longo processo, como vem bem descrito no Clavicula Salomonis, mas como tinha em mente este Círculo Simples vir a ser usado na minha iniciação à mais Pura Magia Negra, então tive no ritual de consagração no mesmo, beber uma mistura profana de sangue de boi (comprado num talho) com vinho tinto e sal. Foi talvez a pior altura de todo o processo, porque é algo que me repugna, mas na Magia Negra temos de ter a capacidade de fazer sacrifícios, e alguns deles (até os mais fáceis) são termos de fazer coisas que nos repugnam à mente e aos sentidos.
Uma vez o processo completado, no dia seguinte alinhei o Círculo na minha pequena Sala Mágica, com o auxílio de uma bússola para os pontos cardinais correctos. E acendi uma vela consagrada para Este. Nessa noite realizei um pequeno Rito Cerimonial de conclusão de todo o processo, pedindo protecção e luz para todas as Artes que ali viria a realizar, sem que as trevas do engano me pudessem comprometer.
Depois dessa parte do processo ter sido completada, e como me destinava a ali realizar Magia Negra, tive de fazer três Pentagramas em placas de madeiras. Dois destinavam-se à colocação das Velas Consagradas no Círculo. O terceiro destinava-se para colocar o fogareiro a carvão para as fumegações necessárias na Magia Cerimonial. Para isso comprei três placas de madeira simples com 15 cm de diâmetro. Hoje utilizo em ébano. Neles desenhei um pentagrama com o auxílio de um compasso e de um transferidor. Gravei os desenhos a quente recorrendo a um instrumento eléctrico para fazer gravações a quente de uma pessoa conhecida. Utilizei uma versão dos Diagramas Mágicos prescritos para aquele pentagrama, uma versão Negra. Uma vez com essa parte feita, apliquei um verniz e um revestimento final. O final do processo foi a consagração final que só fiz na noite seguinte.
Todo o processo levou-me cerca de duas semanas a completar. A parte mais chata do processo é quando temos de ser meticulosos em colocar a geometria direitinha, e se temos em vista Magia Negra, o Rito do Mago Negro (a parte de beber o preparado dito «vermelho»).
Este círculo é simples, portátil e mais barato que os normais, é uma boa Peça de Magia indispensável a quem pretende seguir estes Mistérios. Foi me de grande utilidade, e ainda o conservo. Mesmo não possuindo a habilidade de certos Magos para o desenho perfeito e para um traço fino, volto a dizer que o mais importante é a fidelidade e a concentração a todo o ritual.
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