Os diferentes estudos revelam que a Magia dos papiros originais é completamente Egípcia na sua composição, conteúdo e estrutura. Isto é extremamente importante para se ter em conta, pois é a partir deste ponto que encontramos a síntese da Magia Hermética (cujo corpo de trabalho inspirará e servirá como base material dos outros seis sistemas, já listados nos posts anteriores).
No início do século VII a. c., a guerra entre o Egipto e a Grécia trouxe uma das primeiras e mais pronunciadas influências Gregas sobre a cultura Egípcia, inclusive na própria Magia. Contudo, esta influência não cresceu exponencialmente até ao ano de 332 a. c., quando Alexandre Magno conquistou este país. Foi a partir deste tempo em diante que o pensamento, teologia e filosofias egípcias cresceram com o incremento da lógica e rigor analíticos dos Gregos. Foi esta gloriosa junção que deu origem à Magia que hoje em dia apelidamos de Hermética. De facto, um exame dos escritos gregos revela que os filósofos gregos (iremos ainda publicar vários artigos exclusivamente dedicados à filosofia grega) creditaram aos egípcios muito da sua própria magia, teologia e filosofia, e esta influência pode ser verificada através dos escritos de Plotino, Porfírio, Pitágoras, Ptolomeu e Platão.
Nos séculos seguintes, os papiros mágicos que resultaram da síntese da Magia Egípcia, com o rigor e pensamento analítico Grego serviram de base e alicerce seguro para a estrutura da Magia Hermética, que está actualmente datada entre o século IV ao I a.c., salientando que o seu conteúdo data de períodos muito anteriores.
Um exemplo de como a Magia Hermética influenciou o desenvolvimento destes outros sistemas pode ser observado quando nos detemos no uso dos «instrumentos» ou «ferramentas» Mágicas para os rituais e cerimónias. Os conceitos que ai já subjazem, e a maneira que eram empregados, contêm muitos dos elementos fortes que actualmente designamos como instrumentos rituais, em termos da Magia de Invocação (ou Conjuração).
Contudo, o primeiro uso destes instrumentos de uma maneira coesiva, equilibrada e personalizada, de maneira definida por uma abordagem complexa e organizada a entidades espirituais, encontrou-se claramente integrada e refinada apenas na tradição Hermética deste tempo (séc. III a. c.). Tais objectos como a lâmpada, o altar, o incenso, a túnica, o anel, e mesmo o círculo (ou pentagrama), combinados com as palavras do poder e as regras formais da cerimónia, não brotaram até ao advento da influência da lógica e pensamento analítico dos gregos. Quando esta síntese foi alcançada, estes instrumentos tornaram-se os componentes activos através dos quais o Mago impunha a sua vontade e poder sobre o universo. Todavia, é verdade que os primeiros Magos Egípcios já usavam instrumentos simples, mas nem mesmo ai, eles tinham ao seu dispor, o desígnio inteligente das acções Mágicas que os gregos ajudaram a alcançar.
A teoria que subjaz nos rituais desta corrente Hermética, e a prática desse tipo de Magia, cria uma tensão grande na estrutura mental, na natureza física e nas faculdades espirituais do Mago, similares às que criam em muitos dos rituais de Magia Cerimonial do nosso sistema contemporâneo de Magia. E aqui, a conjuração é um desses exemplos.
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