Há
cerca de oito anos dei início a um projecto de tradução das obras mais
relevantes da Magia Negra para Língua Portuguesa. Esse projecto não
consistia na dupla tradução dos textos (do Inglês para o Português), mas
de uma tradução integral dos seus originais em Latim Escolástico (ou
Latim Medieval) para Língua Portuguesa.
A
pertinência deste projecto advém da dificuldade de se encontrarem as
obras mágicas bem traduzidas. E, se já o é difícil em Língua Inglesa,
tanto mais o é na nossa Língua Portuguesa. Porém, existem algumas
traduções em português (do Brasil), que são de muito fraca qualidade.
Comparativamente, também são fracas muitas das traduções disponíveis em
Língua Inglesa. Eu somente me apercebi deste facto, quando comecei as
ler os livros mágicos no original. Foi aí que tive a oportunidade de
comparar as diversas traduções, em especial as Inglesas, pois foi nelas
que tive acesso a este manancial. Destas debilidades, iniciei o projecto
de eu mesmo as traduzir, corrigindo os defeitos que havia encontrado.
Consequentemente,
este projecto visava a publicação destas obras em edição bilingue, tal
como acontece em muitas traduções de obras medievais e clássicas, onde
surgem as páginas divididas ao meio, com o original do lado esquerdo e a
respectiva tradução do lado direito. Deste modo, qualquer pessoa
poderia comprovar a qualidade da tradução, pelo confronto com o
original, sendo essa a grande mais valia de uma tradução fiável.
Outra
grande vantagem surgiria para o público português, principalmente ele
visado por este projecto, que assim poderia ter acesso a esta sabedoria
ancestral, de forma fiável e precisa.
Entretanto,
este projecto foi sofrendo sucessivas interrupções. Em primeiro lugar,
porque não é qualquer pessoa que os pode traduzir. Um problema frequente
em qualquer tradução, é o chamado problema hermenêutico (disciplina
interdisciplinar que estuda o fenómeno da interpretação, da semântica e
de uma metafísica da informação). Ou seja, como diria Gadamer, a matéria
a ser traduzida encerra em si mesmo um mundo. Outro problema, é que
cada Obra contém dentro de si um Jogo de Linguagem, desta vez falando
como Wittgenstein. Por conseguinte, o tradutor destas obras teria que
ser alguém especialista no mundo e na dinâmica da própria obra. Por
isso, tem sido difícil para mim, estando sozinho neste projecto,
conseguir todas as traduções que pretendo. Muitas estão já iniciadas,
mas são necessários colaboradores de valor.
Outra
dificuldade, é que eu conheço Latim Clássico, Renovado e Escolástico
(ou Medieval). E poucas são as pessoas que dominam bem o Latim
Escolástico, visto ser essencial o seu domínio para uma correcta
interpretação, passo essencial para uma boa tradução. Isto deve-se ao
facto de que o Latim aprendido nas escolas secundárias (e cada vez menos
são os alunos que estudam latim) ser Clássico. Outro, é que mesmo ao
nível universitário (e também são cada vez menos os alunos que se
especializam em latim nas Universidades) o foco de estudo é o Latim
Clássico.
Contudo, e apesar das dificuldades, o projecto segue em frente.
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