30.9.12

História dos Grimoiriuns (Era Magia Hermética Pt.4)

Contudo, houve mágicos e estudiosos que levaram a sério os rituais antigos, e procuraram trazer aos dias de hoje esse poderoso manancial. O melhor exemplo continua a ser o da chamada «Aurora Dourada», como é reconhecido pelo Prof. Gilbert (Cf. GILBERT, R. - «Introduction». In: WESTCOTT, W. - Collectanea Hermetica. São Francisco: Red Wheel/Weiser, 1998.) na introdução que fez à famosa e importante obra «Collectanea Hermetica». Neste volume constituído por dez livros, compilados a partir de uma série de textos clássicos de alquimia e gnosticismo, e ainda outros que haviam já sido compilados pelo célebre Westcott, o co-fundador da Ordem Hermética da Aurora Dourada.

Contudo, a importância da obra de Farr (Cf., FARR, F. - The Enochian Experiments of the Golden Dawn [não disponho desta obra em livro, pelo que não tenho os restantes dados bibliográficos]) juntamente com as outras nove da Collectanea, foram a base intelectual para esse sistema de Magia renovado, como explica Gilbert (Cf., GILBERT, R. - The Magical Mason: Forgotten Hermetic Writings of Westcott. Wellingborough: The Aquarian Press, 1983, pp. 7-9.) . Certamente que Westcott (médico de formação base, académico, mas principalmente investigador), estava ciente da importância da descoberta dos papiros Greco-Egípcios. Ele logo apreendeu o manancial dessa descoberta, cerca de um século antes da fundação da Ordem Hermética da Aurora Dourada, e compreendeu que o seu conteúdo necessitaria de gerações para traduzir, estudar e abarcar.

Isto percebe-se melhor através da leitura dos diferentes prefácios às diferentes secções da Collectanea Hermetica. Neles, alguém fica com a impressão da relutância e total falta de segurança por parte de Westcott; pois o autor suspeitava da própria incompletude da Collectanea, porque tinha presente que lhe faltava material para ficar verdadeiramente completa. Todavia, ele teve a coragem para seguir em frente, e dar espaço na sua obra a material que mais tarde se veio a encontrar em vestígios arqueológicos.

Contudo, apesar dos esforços de Westcott presentes na sua obra basilar, a chamada Magia Hermética que tão vulgarmente ouvimos falar nos nossos dias, ignora por completo os ritos antigos que deram origem ao seu nome. Apesar da insistência de Westcott e dos seus estudos para restituir a árvore genealógica da Magia, continuamos a ignorar esta herança valiosa, bastando para isso qualquer pessoa examinar um grande número de documentos e rituais da «Aurora Dourada» ou de qualquer outra sociedade ou corrente contemporâneas que carrega consigo a palavra Hermética.

28.9.12

História dos Grimoiriuns (Era Magia Hermética Pt.3)

A Magia Hermética engloba um sistema teorético, teológico, filosófico e de prática Mágica completos. Se se pode dizer que a Magia encontra aqui o seu ponto de início, ou de origem no sentido clássico da palavra, esta deriva de fontes Greco-Egípcias. Como referiu o Dr. Flowers, a magia presente nos papiros egípcios é a primeira tentativa conhecida de fundir várias formas de tradições mágicas de muitas fontes diferentes desde o mediterrâneo aos povos do leste, integrando-as para formar um só sistema (Cf., FLOWERS, S. - Hermetic Magic: The Postmodern Papyrus of Abaris. Nova Iorque: Weiser, 1995, pp. 19-20). A análise rigorosa deste autor revela que o sistema ecléctico resultante do contributo Greco-Egípcio retinha traços significativos dos seus componentes originais; chaves usadas para estender este sistema mágico em outros sistemas mágicos durante o tempo. Não só são as acções rituais encontradas no sistema Greco-Egípcio fortemente reflectidas nos seis sistemas Mágicos mais tardios (aqueles que classificámos na parte anterior deste artigo no blogue), mas os seus padrões de pensamento e filosofia encontram-se reflectidos em todas as correntes de magia.

O Dr. Flowers ilustra perfeitamente este ponto na sua construção e interpretação da árvore cosmográfica grega (Cf., FLOWERS, S. - Hermetic Magic: The Postmodern Papyrus of Abaris. Nova Iorque: Weiser, 1985, pp. 47-54). Esta é uma versão pagã da mais tardia tradição da Cabala Hebraica, tão conhecida nos dias de hoje, e sob a qual muitas das contemporâneas correntes mágicas são edificadas. Contudo, esta árvore cosmográfica tem a sua origem na chamada Cosmologia Neo-Platónica (Num outro post sobre Filosofia da Magia Negra iremos desenvolver estes traços da filosofia que têm origem em Platão e se estendem no início do Cristianismo).

Como a sua contra parte Hebraica, que foi usada como um molde para se edificar as dez esferas de qualidades, e os vinte e dois caminhos das projecções dessas qualidades no mundo da mente e da matéria. E, como na Cabala ocidental que é baseada na Cabala Hebraica original, este glifo pagão tem atribuições de caminhos e ligações entre as suas dez esferas ou «Sephiroths». Podemos encontrar até bem mais importante, que mesmo um estudo casual deste forma inicial pagã revela diferentes ligações dos caminhos entre as esferas e aqueles que são usados na versão ocidental. Isto imediatamente sugere outras forças, ou outras interacções entre espíritos, na medida em que possivelmente, estes estendem o alcance da árvore da vida da Cabala num novo ritual e cerimónias, muito para além do que é hoje em dia conhecido, mesmo nas sociedades contemporâneas das Artes Negras.

Outro aspecto de vital importância em compreender o lado prático da Magia Hermética, é o intitulado papiro Mágico traduzido pelo Prof. Hans Betz. Este é um trabalho académico, no sentido verdadeiro da palavra, sendo uma apresentação aprofundada de um grande número de feitiços mágicos e fórmulas derivadas directamente de papiros originais Greco-Egipcíos (Cf., BETZ, H. - The Greek Magical Papyrus: including the Demotic Spells. Chicago: The University of Chicago Press, 1986.) Como tal, é uma obra de valor incalculável para aquele que hoje se dedica às Artes Negras, mesmo que tenha sido usado principalmente para os académicos que estudam a história das religiões e a fenomenologia da experiência religiosa.

A verdade pura e dura, é que muitas das correntes Mágicas que hoje em dia empregam no seu uso a palavra Hermética, são na sua grande maioria, desconhecedoras da origem da palavra, da sua filosofia e conceitos, já para não falar das suas cerimónias. A razão para isto é que as fórmulas mágicas e feitiços presentes nos papiros, não foram descobertas e estudadas na Europa Ocidental até aos primeiros anos do séc. XIX, e que receberam especial atenção nos anos subsequentes.

Continua...

Demónios - Buer - Shemhamphorash

10. Buer é um Grande Presidente Demoníaco e o décimo Espírito. Ele aparece sob a forma de um Sagitário e, essa é a sua forma quando o sol está presente. Ele ensina Filosofia, tanto Moral como Natural, assim como a Lógica da Arte Negra, bem como as Virtudes de todas as ervas e plantas. Ele sara todas as têmperas (tanto pode ser traduzido como dando vigor, bem como significando a têmpera a que se submete o metal para ele ganhar consistência) ao homem. Ele governa cinquenta Legiões de Espíritos Infernais, e este é o seu selo para o aplacar, que deve ser usado diante dele como um pendente sobre o pescoço. Caso contrário ele não cederá aos intentos do Mago.

Cf., Lemegeton, Goetia, Shemhamphorash (Tradução minha do original).

Demónios - Baal (ou Bael) - Shemhamphorash

 1. Bael (ou Baal) é o Primeiro Espírito Principal. Sendo Rei e governando o Este. Ele faz o Mago ficar invisível. Bael governa cerca de sessenta e seis Legiões de espíritos infernais. Ele aparece de diferentes formas: umas vezes como um gato, outras como um sapo, ainda como um homem, ou ainda mais raramente todas essas formas duma só vez. Ele fala com voz rouca. A imagem aqui disposta é o seu selo, que deve ser usado diante dele como um pendente sobre o pescoço. Caso contrário ele não cederá aos intentos do Mago.

Cf., Lemegeton, Goetia, Shemhamphorash (Tradução minha do original).

História dos Grimoiriuns (Preâmbulo Pt.2)

 Como físico que fui, eu estava muito preocupado com a estrutura das relações de causalidade na minha pesquisa científica. E porquê? Porque a estrutura fornece um enquadramento, que apesar de parecer pedaços de informação desconexa, assemelham-se antes à imagem de um puzzle, que fornece um certo vislumbre da cena a ser trabalhada. Além disso, também dá uma certa compreensão dos padrões que não são facilmente vistos à primeira vista, como pequenas pistas nos fenómenos das forças físicas que se movem atrás da cena a ser estudada. O fenómeno da causalidade permite-nos compreender as forças que moldam a própria estrutura, e dão forma aos padrões a serem estudados.

Esses são os mesmos ingredientes essenciais para se compreender a história de qualquer área de estudo, incluindo da própria Magia: estrutura e causalidade. Ao compreender a estrutura e causalidade por detrás da história da Magia, perceber-se-á duas poderosas ferramentas para se compreender a própria Magia.

Uma vez adquiridas essas ferramentas, as nossas faculdades intuitivas irão automaticamente nos ensinar como as usar eficazmente no nosso dia a dia, mas sobretudo nos trabalhos Mágicos, de forma a que se possa proceder com confiança nas Artes Negras.

Mas de forma a melhor se alcançar este objectivo, dividirei a história da prática da Magia Negra em sete sistemas ou correntes distintas, sendo que cada uma tem um período histórico mais ou menos bem definido.

A razão para estas divisões é que elas nos introduzem mais aprofundadamente na estrutura do próprio problema a ser estudado. Uma vez que tenhamos a estrutura, nós poderemos encontrar padrões. E os padrões conduzem-nos a uma melhor compreensão da área de estudo. Então, este conhecimento se irá tornar na ferramenta com a qual as nossas faculdades intuitivas irão começar directamente a trabalhar nas Cerimónias das Artes Negras. Por sua vez, esta intuição posta em prática na Magia Negra, irá conferir a confiança necessária ao Mago, que se verá reflectida nos resultados Mágicos obtidos no seu dia-a-dia.

Com estes conceitos em mente, nós já podemos explorar o básico da inteligibilidade Mágica. 

Os sete sistemas Mágicos que iremos explorar nos próximos artigos são:
  1. Era Mágica Hermética
  2. Era Mágica da Idade das Trevas ( Tal como no mundo académico, entende-se este período como aquele que vai do fim do Império Romano até à formação do Sacro-Império Romano Germano com Carlos Magno no ano de 800 d.c.)
  3. Era Mágica Medieval
  4. Era Mágica do Renascimento
  5. Era Mágica  do período de Transição (Tal como no mundo académico, entende-se este perído como «Idade Moderna», sendo aquele que vai do fim do Renascimento até ao final da Revolução Francesa)
  6. Era Mágica do revivalismo Gótico
  7. Era Mágica Contemporânea

27.9.12

História dos Grimoiriuns (Introdução Pt.1)

A História não é um estudo estático de eventos congelados no tempo. É um exercício mental dinâmico na aprendizagem das relações de causa-efeito, de forças que formaram uma dada área de investigação. Sem uma compreensão dessas forças, independentemente da matéria histórica a ser investigada, não se pode abarcar o estado geral da matéria de estudo, ou as intrincadas relações que deram a forma intelectual necessária para o estudo e uso dessas forças (Cf., McCarney, J. - Hegel on History. Routledge: Nova Iorque, 2000, pp. 39-48).

Contudo, independentemente da matéria de estudo, o estudo da história incomoda muita gente. Já Hegel dizia que: "A história ensina que ninguém aprende nada com a história" (Infelizmente não consigo precisar o local exacto onde li esta passagem de Hegel). Frequentemente, o esforço mental requerido para compreender as subtilezas do pano de fundo de qualquer área de estudo, são geralmente rotuladas por uma perda de tempo. Porém, essas mesmas pessoas irão, de vez em quando, assistir a algum programa televisivo sobre história, ler um artigo de uma revista sobre história, ou mesmo até pegar num livro que lida com uma perspectiva história acerca de algum tema que lhes cative o interesse. Contudo, e não tão poucas vezes, essas pessoas só o fazem quando não têm nada de mais interessante para fazer.

Na sociedade de hoje, as pessoas somente arranjam tempo para coisas que lhes satisfaçam alguma necessidade mais básica. Isto de certa forma é compreensível no que diz respeito à rotina ou às preocupações de cada dia. Porém, não poderia haver maior erro se apenas ficássemos por aí.

Pela compreensão das relações básicas de causa efeito que motivaram a redacção dos Grimoiriuns, e as forças da necessidade humana que as refinaram, então alguém poderia estar numa melhor posição para compreender e interpretar de forma inteligente, não só as gramáticas do passado, mas os textos mágicos mais contemporâneos. Estas são as razões para a importância do estudo da história dos livros Mágicos.

Nestes subsequentes artigos, tentarei explicar donde vieram os Grimoiriuns, como é que eles foram originalmente escritos, e os pertinentes factores sociais e religiosos que influenciaram a sua criação e conteúdo. Mas mais importante do que isso, como é que a invocação destes espíritos malignos se desenvolveram ao longo de três milénios. Exactamente isso, desde um período aproximado de três milénios.

 Continua...

Preparação para uma Conjuração (Parte 2)

Contudo, a ideia principal que quero transmitir, é a necessidade do Mago em manter o sangue frio e a cabeça no sitio. Então, durante a purificação, convém dar muito tempo à meditação, procurando visitar os sítios mais recônditos da nossa mente, procurando: medos, vergonhas, sentimentos de rejeição, anseios, dúvidas, temores, situações embaraçosas e episódios de dor. É preciso o Mago precaver-se antes de chamar o demónio, e em verdade, o demónio já sabe com antecedência que vai ser invocado, pois também ele irá preparar-se para o encontro. Por isso, o Mago tem que procurar nas profundezas da sua mente, qualquer coisa em que pode tropeçar, quando chegar a altura de estar face-a-face com o demónio.

Uma coisa útil que costumo fazer, é pegar em algumas folhas pautadas soltas, e fazer cinco meditações ao dia, sendo cada uma de uma hora. É de muito proveito, ter a capacidade de ser fiel a esse tempo, e não usá-lo para divagações patetas. Quem não for capaz de se isolar em profundo silêncio, nada fazendo, apenas meditando pela sua mente, no que tem a fazer, e nas armadilhas em que pode cair, e cumprir essas cinco horas, não está apto para o exercício da Magia Negra.

Só um homem/mulher que tenham domínio de si próprios, sejam rigorosos consigo mesmos, mas principalmente muito disciplinados, estão aptos a prepararem-se para qualquer trabalho de Magia Negra. Uma das coisas fundamentais durante o processo de aprendizagem do Mago, é ganhar a disciplina necessária para as Artes Negras. Quem anda ao sabor das paixões, e é desordenado nos sentimentos, não deve iniciar-se nestas Artes. É preciso uma certa ascese (mortificação) para a prática da Magia.

Continua...

Sobre o Pseudomonarchia Daemonum (Libber Officiorum spirituum) (Parte 2)

 Na obra de Weyer estão presentes variações dos nomes de muitos demónios, revelando isto que ela foi redigida mais ou menos na altura em que Weyer leu as Clavículas de Salomão, cerca do ano de 1563.

Infelizmente, Weyer deixou uma nota ao leitor em que admite ter omitido muitas passagens do texto original, de forma a deixar impraticável o livro. Um estudo realizado por Boudet, inclui uma comparação detalha de dois textos da época, em que revela que a obra de Weyer já vem cortada desde o princípio,  e que essa informação diria respeito a Lucifer, Belzebu, Satan e aos quatro demónios dos pontos cardinais (Cf. BOUDET, J. - Les who's who démonologiques de la Renaissance et leurs ancêtres médiévaux. In: Mediévales, nº 44, 2003, pp. 117-140) Além disso, o ritual no fim do Pseudomonarchia é muito menor que o presente no Liber Consecrationum (Cf., KIERCKHEFER, R. - Forbidden Rites: a Necromancer's Manual of the Fifteen Century. The Pennsylvania State University Press: University Park, 1998, pp. 256-276). Por último, o próprio texto de Weyer apresenta sinais de abreviação.



Já é reconhecido desde à muito que a obra de Weyer apresenta similaridades com o primeiro livro do Lemegeton, a saber, o Ars Goetia, que corresponde de forma aproximada ao catálogo de Demónios de Weyer, apesar que no texto de Weyer não apareçam selos demoníacos, e os demónios invocados o sejam por uma simples conjuração, e não pelo completo rito do Lemegeton.


Contudo, a diferença mais relevante entre a obra de Weyer e o Ars Goetia encontra-se na ordem dos espíritos. Até agora não encontrei explicação para essa diferença, nem nos autores nem nas minhas próprias conclusões; é quase como se um baralho de cartas tivesse sido baralhado. Acrescente-se a isso que no Ars Goetia estão presentes mais quatro demónios.

Todavia, outra pequena singularidade pode ser de maior significância, a saber, que o quarto demónio presente na obra de Weyer, isto é, Ruflas (ou Bufas), foi acidentalmente deixado de lado na célebre tradução para Inglês de Reginald Scot (encontrado no seu muito racional «Descoberta da Magia» de 1584). Outra explicação pode ser o facto deste demónio não se encontrar na obra de Weyer numa edição que possa ter sido utilizada por Scot para traduzir o texto. O que é curioso sobre esta ausência de Pruflas (ou Bufas) é que é o único demónio que não consta da lista do Lemegeton. A vantagem deste enigma é que ele poderia ser resolvido, caso fosse encontrada uma edição específica que introduzisse este defeito. É que a resolver este enigma, estaríamos aptos a também corrigir, ou precisar melhor, a data da composição do Ars Goetia na sua presente forma.



26.9.12

Sobre o Pseudomonarchia Daemonum (Liber Officiorum spirituum) (Parte 1)

Johann Weyer foi o autor de umas das mais importantes obras de Magia Negra, a saber, o Pseudomonarchia Daemonum. Weyer nasceu no ano de 1515 em Grave (actual Holanda), tendo sido um famoso médico e demonologista. Veio a falecer no ano de 1588 em Tecklenburg (actual Alemanha).

Weyer para além de ter sido um pioneiro na área da medicina, era um firme convicto na Magia Negra. Tanto que Weyer foi aluno de um dos mais famosos magos de todos os tempos, a saber H. C. Agrippa. A sua obra Praestigiis Daemonum (1563) foi basicamente uma contra-argumentação à tenebrosa caça às bruxas que se assistiu no sec. XVI. A sua obra é tão crucial que até Sigmund Freud a apelidou de um dos dez livros mais significativos de todos os tempos.


Como apêndice a esta obra monumental, Weyer adicionou uma hierarquia dos demónios a que ele chamou de Pseudomonarchia Daemonum. Weyer referiu a sua fonte de informação, um livro chamado: Liber officiorum spirituum, seu liber dictus Empto. Salomonis, de principibus et regibus daemoniorum (Livro dos ofícios dos espíritos, ou o livro chamado de Empto. Salomonis com respeito aos príncipes e réis dos demónios).

Preparação para uma Conjuração (Parte 1)

Imaginemos o seguinte... É difícil elaborar um software sem se possuir previamente um objectivo, pois a pessoa ainda não sabe o que é que pretende que o software faça. Da mesma maneira, em vista a realizar um acto mágico, a pessoa deve começar por ter um objectivo ou uma razão para o fazer. Depois disso, a pessoa deverá desenvolver a sua concentração, o seu intento, a sua vontade, para ter um perfeito controlo e, desenvolver uma técnica fiável para ser bem sucedido. Os clássicos da Magia Negra começam por dizer ao Mago que ele deve realizar uma cerimónia de banimento e purificação. E isso é deveras verdade, contudo os manuais assumem que o Mago em questão entendeu que ele deve limpar-se a si próprio, a nível interno e não ficar só pelo rito externo.

Isto, porque uma coisa é usar algum sal para purificar e limpar um espaço, outra coisa bem diferente é limpar a nossa mente de uma vida de desinformação, prejuízos, meias verdades e de mentiras descaradas, provenientes de várias figuras de autoridade. O facto é que a maioria das pessoas não sabe em que acreditar, e se acreditam em tudo, esse tudo está fundado na falsidade. Afinal de contas, a lâmpada da verdade queimou pouco azeite nesta nossa última era. O objectivo aqui é o de remover as falsas edificações nas nossas mentes, tais como sentimentos de culpa, medos de infância, e limitações provenientes de preconceitos religiosos. É necessário ganhar confiança em si mesmo, afastar os medos, os temores, para assim levar os seus objectivos Mágicos avante.

Pois, se o Mago se apresentar inquieto, perturbado ou temeroso diante do demónio, perderá controlo sobre este, e virará um fantoche nos seus intentos.

Aceitamos realizar Trabalhos em Magia Negra


Realizo trabalhos com Magia Negra, recorrendo à conjuração de demónios (Tenho um pacto com Baal {Bael} e Belial). Para isso recorro aos verdadeiros Grimoriuns (Clavicula Salomonis, Grimoirium Verum) de conjuração demoníaca. Os resultados falam por si.

Para que fique claro, não resolvo problemas de dinheiro ou de desemprego, nem problemas com dívidas ou azar ao jogo. Não prevejo o futuro, nem comunico com os mortos. Não leio a sua sina ou entro em contacto com vidas passadas. A verdadeira magia não trata tais coisas. Os demónios conjurados são quem realizam os trabalhos, sendo o feiticeiro o mediador entre eles e aquilo que o cliente deseja.

Os trabalhos que realizo são:
- Pregações (ou maldições) sobre quem você odeia ou sobre quem lhe fez mal.
- Amarrações, sobre quem você ama e de quem não se quer separar.
- Desmanchos, sobre a relação que você quer ver desfeita.
- Unções para trazer má fortuna a quem você tem inveja, ou Guarda algum ressentimento.
- Imprecações, sobre alguém que lhe fez mal, ou de quem tenha medo.
- Contaminações, em ordem a ruir o ambiente num lar ou família.
- Protecções, sobre a sua pessoa caso tenha sido alvo ou suspeite vir a ser alvo de algum ataque.
- Desencantamentos, sobre algum feitiço sob o qual esteja a ser vítima.
- Materiais, para a realização dos seus trabalhos.
- Outros, a serem conversados.


Contacto

malleus.maleficium@gmail.com

Aceitamos encomendas de materiais para trabalhos e, amuletos ou artefactos de protecção

  •   Contudo, não procedemos à realização de materiais para trabalhos que não os de Magia Negra segundo o verdadeiro ritual dos Grimoriuns. Logo, não preparamos materiais para Vudu, Caboclo, Ubandas, etc...
  •  Além disso, também não preparamos velas ou círios, porque isso tem de ficar a cargo do próprio que realiza o trabalho. Bem como de vasos de lágrimas ou de pergaminho.
  •  Quando nos contactar, combinaremos a data de preparação dos materiais, nós não temos material em stock. Isto não é nenhuma loja esotérica que vende em massa coisas sem qualquer utilidade.
  • Não nos responsabilizamos pelo uso, ou pelos trabalhos realizados com o material por nós produzido.
  • Somos fiéis no cumprimento de todos os rituais e processos adequados ao material que pretende, seguindo escrupulosamente as prescrições das Clavicula Salomonis.


  • Atenção: Neste momento não realizamos varinhas de aveleira.
Contacto:

malleus.maleficium@gmail.com

Tradução dos Clássicos de Magia

Há cerca de oito anos dei início a um projecto de tradução das obras mais relevantes da Magia Negra para Língua Portuguesa. Esse projecto não consistia na dupla tradução dos textos (do Inglês para o Português), mas de uma tradução integral dos seus originais em Latim Escolástico (ou Latim Medieval) para Língua Portuguesa.

A pertinência deste projecto advém da dificuldade de se encontrarem as obras mágicas bem traduzidas. E, se já o é difícil em Língua Inglesa, tanto mais o é na nossa Língua Portuguesa. Porém, existem algumas traduções em português (do Brasil), que são de muito fraca qualidade. Comparativamente, também são fracas muitas das traduções disponíveis em Língua Inglesa. Eu somente me apercebi deste facto, quando comecei as ler os livros mágicos no original. Foi aí que tive a oportunidade de comparar as diversas traduções, em especial as Inglesas, pois foi nelas que tive acesso a este manancial. Destas debilidades, iniciei o projecto de eu mesmo as traduzir, corrigindo os defeitos que havia encontrado.

Consequentemente, este projecto visava a publicação destas obras em edição bilingue, tal como acontece em muitas traduções de obras medievais e clássicas, onde surgem as páginas divididas ao meio, com o original do lado esquerdo e a respectiva tradução do lado direito. Deste modo, qualquer pessoa poderia comprovar a qualidade da tradução, pelo confronto com o original, sendo essa a grande mais valia de uma tradução fiável.

Outra grande vantagem surgiria para o público português, principalmente ele visado por este projecto, que assim poderia ter acesso a esta sabedoria ancestral, de forma fiável e precisa. 
Entretanto, este projecto foi sofrendo sucessivas interrupções. Em primeiro lugar, porque não é qualquer pessoa que os pode traduzir. Um problema frequente em qualquer tradução, é o chamado problema hermenêutico (disciplina interdisciplinar que estuda o fenómeno da interpretação, da semântica e de uma metafísica da informação). Ou seja, como diria Gadamer, a matéria a ser traduzida encerra em si mesmo um mundo. Outro problema, é que cada Obra contém dentro de si um Jogo de Linguagem, desta vez falando como Wittgenstein. Por conseguinte, o tradutor destas obras teria que ser alguém especialista no mundo e na dinâmica da própria obra. Por isso, tem sido difícil para mim, estando sozinho neste projecto, conseguir todas as traduções que pretendo. Muitas estão já iniciadas, mas são necessários colaboradores de valor.

Outra dificuldade, é que eu conheço Latim Clássico, Renovado e Escolástico (ou Medieval). E poucas são as pessoas que dominam bem o Latim Escolástico, visto ser essencial o seu domínio para uma correcta interpretação, passo essencial para uma boa tradução. Isto deve-se ao facto de que o Latim aprendido nas escolas secundárias (e cada vez menos são os alunos que estudam latim) ser Clássico. Outro, é que mesmo ao nível universitário (e também são cada vez menos os alunos que se especializam em latim nas Universidades) o foco de estudo é o Latim Clássico.

Contudo, e apesar das dificuldades, o projecto segue em frente.

Preâmbulo para as Artes Negras

Tornar-se um discípulo das Artes Negras é algo que requer tempo e paciência. Ninguém pode acordar logo pela manhã e decidir tornar-se um bem sucedido Mago Negro. E depois esperar ter dominado as Artes logo ao final do dia. Nem nesta, e arrisco-me a dizer, nem em nenhuma as coisas funcionam desse modo. 

O poder que é associado à magia, torna-se apenas acessível ou é aproveitada pela psique humana de diferentes modos, e varia de pessoa para pessoa. Dito isto, e havendo certa similaridade no que diz respeito à metodologia, o mesmo já não ocorre com o trabalho final. A sua aplicação e eficácia varia de pessoa para pessoa. Alguém poderia argumentar, que o conhecimento e a prática do que é próprio da magia, se adquire numa simples questão de tempo, como uma espécie de habituação. Contudo, esta Arte não é assim, existindo uma formação que é devida, e é por isso que surge uma espécie de caminho de aprendizagem, concatenado em diferentes etapas (num considerável espaço de tempo), em que o aprendiz da Arte Negra deverá atingir determinados objectivos. Nessa formação o aprendiz irá aprender com o mestre, experimentando por ele próprio, de forma a ganhar conhecimento interno da Arte.

Ao aprendiz é pedido que acalme a sua ansiedade natural, e reconheça a humildade de que é necessário tempo até se começar a ganhar autonomia, e assim sentir-se acostumado a um novo estado de espírito. Por isso, a virtude da paciência terá de ser exercitada, até que venha o tempo em que consiga estar seguro e confortável com as diferentes entidades e forças, e elas o aceitem a ele. Afinal de contas, na Magia Negra não se lida com anjos da guarda. E tal como é sabido na vida, as relações tomam tempo até ganharem forma.

Tu queres ter ao teu dispor as forças das Trevas? Então tem em conta, que será sempre uma boa ideia antes de começares, apreender ao máximo sobre elas. Isto é, porque raio elas deverão ouvir-te? O que é que até agora fizeste por elas? Provavelmente, irás desenhar um pentagrama no ar e esperar que algum demónio salte à tua frente, enquanto te agachas num pentagrama que desenhaste no chão. Sobre ti não sei, mas os demónios com os quais eu lido, não querem saber de pentagramas, cruzes e outros disparates da superstição popular. De facto, a não ser que tenhas deveras uma boa razão, não é de todo uma boa ideia chamares estas entidades à tua atenção.

23.9.12

A Missa Negra

Liturgia Negra
A Missa Negra combina vários elementos:

  1. A crença numa deidade pagã estigmatizada pelo Cristianismo como o Diabo (ou Satanás);
  2. O uso da missa para fins materiais;
  3. E paródias sobre o ritual cristão ortodoxo.
A Missa Negra é uma cerimónia mágica inversa à realizada pela comunidade Cristã, com o objectivo de louvar e reverenciar o Diabo. Contudo, ao contrário do que se pensa, esse rito não envolve sacrifícios humanos nem obscenidades de proporções graves.

A crença na Missa Negra tem origem na Magia Medieval. Porém ninguém sabe ao certo o principio desse acto mágico, pois não existe nenhuma descrição fiável (em primeira mão) para comprovar a data certa do seu início. Todavia, chegou até nós um relato de 1594, proveniente de uma Bruxa Francesa, que descreveu ter estado presente numa cerimónia (com cerca de 60 pessoas) denominada de Missa Negra. Nessa cerimónia o celebrante usava uma túnica preta juntamente com uma casula negra, e tinha por acólitos duas mulheres que lhe traziam uma fatia de nabo preto (que estaria podre), que teria sido utilizado em vez do pão consagrado.

Outros relatos acerca da Missa Negra incluem menções a hóstias triangulares ou hexagonais de pão, juntamente com um cálice preto. Onde em vez das tradicionais palavras da consagração, se aclamava: "Belzebu! Belzebu! Belzebu!". Além disso, em vez de vinho no cálice, encontrava-se dentro deste ou urina ou sangue de algum animal sacrificado.

As orações tanto consistiam em aclamações a Satanás e aos seus Demónios através de Ladainhas, ora consistiam das tradicionais orações cristãs, nomeadamente do rito doxológico da missa Católica, em que as palavras eram ditas de trás para a frente. Numa coro inverso ao sentido Cristão. A adornar esta cerimónia, o altar era revestido por panos pretos, juntamente com a presenças de duas velas (ou círios) negros.

O Magia Negra Ars

Este Blogue é para aqueles que estão verdadeiramente interessados em Magia Negra. Ou precisem de serviços de Magia Negra. Pessoas com preconceitos devem manter se afastadas deste espaço. Os rituais descritos por Magia Negra não são inofensivos, pelo que não são recomendados a pessoas mentalmente incapazes, ou a padecerem de perturbações mentais. Por conseguinte, sem as precauções necessárias cada ritual pode ser um prejuízo para quem o lança. Pelo contrário, ao seguir diligentemente as instruções necessárias, você alcançará o sucesso pretendido em todas as suas venturas. Por último, devo mencionar que nada do que aqui é escrito se dirige a pessoas cépticas, pelo que não as ajudará. Aqui ninguém procura convencer ninguém.