31.10.12

O Pentáculo da Terra - Elemento de Protecção e de Boa Fortuna

O pentáculo é a arma elementar da terra, também conhecida como a «moeda» ou o «disco». É um dos quatro naipes do Tarot e representa assuntos materiais, protecção, estabilidade, percepção terrena e o nosso sustento. É o mais denso dos quatro elementos, e o único que não se pode transmutar noutro elemento; tudo o que existe fisicamente deve possuir terra em ordem a existir fisicamente. Por isso, é sempre útil para se favorecer, elaborando um para ter em casa ou para andar consigo para onde vá. Aquele que uso, e que já o fiz à alguns anos, é para ficar em casa, por isso decidi não o fazer como um medalhão ou uma moeda, além de que pretendia algo maior.

Apesar de o Pentáculo da terra ser geralmente feito de barro e pintado, devido à natureza terrena do barro, eu considero a madeira mais fácil de trabalhar, além de que esta também possui fortes ligações à terra. Por isso este que aqui vos mostro, que é relativamente fácil de fazer e bom para se ter em casa. Então, em primeiro lugar fui comprar uma placa de madeira na forma de um círculo perfeito com 12,7 cm de diâmetro. O desenho que decidi utilizar para representar o Pentáculo da Terra, foi um segundo a Arte da Golden Dawn, que possui as quatro cores do Malkuth que representam: o preto para terra, o amarelo torrado para o ar, o verde para água e o bordô para fogo. Tudo isto com um hexagrama branca que se impõe sobre toda a superfície juntamente com os Ritos Hebraicos gravados sobre a lateral da placa de madeira. Sobre os Ritos Hebraicos, deve constar na parte lateral as seguintes palavras gravadas na madeira:

  • Adonai haAretz אאדני הארץ, o nome de Deus que segundo o Melkuth significa: “O Senhor da Terra”;
  • Auriel אוריאל, o Arcanjo do elemento Terra;
  • Phorlakh פורלאך, o Anjo do elemento Terra;
  • Kerub  כרוב, o nome do Governador de Terra;
  • Phrat פרת, o nome hebreu para o Rio Eufrates;
  • Tzaphon אצפון, a palavra hebraica para norte;
  • Aretz ארץ, a palavra hebraica para terra.
Para desenhar na madeira recorri a uma lapiseira e a um lápis, para me auxiliar recorri a um transferidor e a um compasso, assim como uma régua. Bastando marcar bem os pontos e depois com a régua ligar os pontos. Depois de ter feito assim o desenho sobre a placa, utilizei um gravador de madeira para gravá-la.

Quando as marcações estão todas prontas é só pintar, o único cuidado a ter é não borrar tinta para fora da zona a ser pintada. 

De tudo, a parte mais difícil são as gravações laterais, não só porque nessa parte a madeira não está direita mas com um rebordo o que dificulta a coisa. Por isso essa parte não saiu tão bem.

No final, aplicar um verniz e o trabalho está feito, e temos um poderoso auxílio Mágico, que serve entre outras coisas para protecção. 

Eu pessoalmente costumo tê-lo em casa, e não o levo à rua, sei de algumas pessoas que o colocam no carro, mas isso é com cada um.

30.10.12

Preparação de um Amuleto Pendente - Preparação para uma Conjuração Parte 7

Como se observa em praticamente todos os livros das Artes, um instrumento valioso para qualquer Mago é o Pendente, ou também se poderá dizer o Amuleto (Talismã). Este artefacto Mágico tanto serve para a conjuração em si, não só para protecção do Mago, bem como para o diálogo com o Espírito Invocado. Nos Livros Negros, como o Lemegeton, vem de forma bem clara que o Mago tem de usar o Selo, gravado no Pendente, do Demónio que pretende conjurar, caso contrário este não cederá aos intentos do Mago. E para quem já experimentou, as Entidades são muito sensíveis no que toca aos seus selos e à forma como estes são empregues pelo Mago. Por isso, se há elemento que não pode ser ignorado por alguém que comece a iniciar-se nas artes é o Pendente.

Escusado será explicar, que o Pendente não deverá ser usado por motivos estéticos e, que este só deve ser colocado na Preparação de uma Conjuração, ou na própria Conjuração.

Existem variadíssimos Pendentes: segundo os Ritos Astrológicos, segundo os Ritos Angélicos, segundo os Ritos Herméticos e segundo os Ritos Negros. Cada qual tem o seu modo de preparação, assim como cada qual tem os seus próprios materiais. Como se pode observar tanto nas Claviculas como nos Grimoriuns, estes podem ser de Cobre, Estanho, Ferro, Bronze, Chumbo, Ouro, Prata e Mercúrio. Este último, o Mercúrio não pode ser transformado em Pendente por razões óbvias, por isso os Magos Contemporâneos têm nos elaborado com Alumínio.

Quando comecei, deparei-me com o problema de que não tinha nenhuma forja em casa, nem ferramentas apropriadas para gravar estes materiais. Recorri naquela altura de forma subtil aos meios que me eram próximos, sem grande sucesso no princípio, pelo que ainda me recordo bem das minhas pesquisas na literatura de forma a encontrar um meio viável de prosseguir os meus intentos. Recordo-me de o meu mestre me ter ensinado que bastava um pouco desse material no Pendente e que este de forma alguma teria de ser maciço. Pelo que ele me havia alertado para várias passagens nos Grimoriuns que referem o uso de Pendentes feitos de Cera. Apesar da minha obstinação, pelo facto de o meu Mestre ter os dele maciços e também eu querer uns iguais para mim, lá me resignei e comecei por fazer os meus primeiros em cera, coisa que ainda faço apesar de já possuir os meus Pendentes em metal (não maciços mas com um núcleo da matéria principal), que mais tarde colocarei um post de como os preparar.

Por conseguinte, podemos encontrar no livro de Abramelin, ou no livro Manual de Munique: Magia Demoníaca, ou no livro Liber Juratos, ou no Grimoirium Imperium referências aos Pendentes de Cera, assim como nos livros dos Anjos (Magia Branca) como o Liber Angelis.

Em verdade, não existe nada de mal com os Selos e Pendentes de Cera. Este é um  material que é empregue pela sua pureza e propriedades mágicas em vários ritos, desde para fazer estátuas, imagens e até mesmo anéis (como vem citado no Hygromanteia), o que permitiu resolver o meu dilema passado em realizar os tão necessários Pendentes.

Com respeito à preparação é fácil, foi preciso algum treino para eu começar a fazer as coisas direitinhas, mas qualquer pessoa será capaz de o fazer.

Ingredientes:

  1. Resina;
  2. Cera de Abelha Genuína (nada de mistura de vela, parafina ou cetina (substância proveniente da baleia que também serve para fazer cera para velas).
  3. Folha de Ouro, ou Folha de Ouro de imitação (opcional).
Preparação:

Então, começa-se por colocar a resina no almofariz, e com pilão começa-se a bater até formar um pó fino. Como vão ver é fácil de se o fazer, e vai ficar um pó amarelado.

Depois de a resina estar em pó, derrete-se a Cera de Abelha. E coloca-se a resina em pó junto da cera derretida e depois começa-se a mexer bem até toda a resina ficar derretida com a cera e formar um composto homogéneo. Este composto formará uma cera mais rígida, o que é perfeito para se gravar.

De seguida, despejar a cera num molde. Contudo, eu prefiro fazer outra coisa. Eu aqueço água num bule de chá redondo que tenho, e para ai despejo a cera. A água afunda-se e a cera fica a boiar. Quando a mistura arrefecer, a cera irá formar um disco redondo perfeito. O truque está que se tirarmos logo a cera ela vai-se partir, por isso eu coloco o bule no congelador, e deixo estar uns minutos. A cera contrai-se no congelador e sairá de forma perfeita sem se partir.

Depois, de a cera estar pronta e termos um disco perfeito, limpa-se bem com um pano ou com papel absorvente, e deixa-se a secar um pouco. É nessa altura que se começa a gravar no Pendente com o selo que pretendermos, neste exemplo aqui gravei um Selo de Salomão. Atenção, convém gravar o selo com a cera fria, pois se se deixar esta estar muito tempo nas nossas mãos, vai começar a ficar mais mole.

Para quem desejar, pode usar folha de ouro, ou então folha de ouro de imitação. Neste selo aqui como era para uma das minhas experiências, utilizei folha de ouro de imitação. Escusado será dizer que deve-se começar por experimentar com as nossas próprias mãos em materiais mais pobres e só quando se adquirir alguma prática se passa a usar materiais mais nobres.

Então para este Pendente, antes de aplicar a folha de ouro, tive o cuidado de deixar secar muito bem a cera.

Depois comecei por aplicar a folha de ouro de imitação com muito cuidado, usando para isso um cotonete. Depois de a folha de outro começar a assentar, convém pressionar levemente com o polegar em toda a superfície. Basta isso, pois o calor da nossa mão é suficientemente moderado para derreter ligeiramente a cera e fazer com que a folha de ouro fique presa, este método é mais seguro do que um que inicialmente utilizei recorrendo a um candeeiro que tinha com uma lâmpada daquelas amarelas que aquece. Depois volta-se a pressionar, passa-se novamente com um cotonete para tentar corrigir imperfeições.

Por último, é somente realizar todas as purificações prescritas, assim como consagrá-lo no tempo devido do fim para que se destina o Pendente, assim como da entidade a que o pendente se refere.

29.10.12

Defumação, Fumegação, Fumaça - Como o fazer para proteger a sua casa e os que nela habitam de Maus Espíritos

Desde os tempos antigos que as pessoas perceberam que numa casa não só era importante fazer algumas correntes de ar para mudar o ar e arejar o ambiente, como também era muito importante libertar o «ar» de casa das más influências. Poucos são aqueles que se podem gabar de nunca terem sido vitimas de inveja e de outros tantos. Tanto que, relacionado com inveja, encontramos o importante contributo de René Girard na Antropologia, como condição existencial humana.

Um método simples e eficiente para «purificar» o ambiente da sua causa, dos maus odores externos, é fazendo uma fumegação à sua casa. Outros termos correntes que se utilizam são fumaça ou defumação. Muitas pessoas têm o hábito de colocarem ervas sobre uma pequena terrina, seja ela de cerâmica ou de barro, regando depois com álcool etílico e pegando fogo com um isqueiro. Contudo, este não é o melhor método.

Um dos melhores métodos é aquele que vem sendo praticado desde os tempos antigos. Os antigos em vez de colocarem álcool usavam brasas quentes, e entenderam que melhor que ervas era incenso. Existem várias espécies de incenso, e não estou a falar daqueles que se vêm nas lojas esotéricas ou nos chineses, aqueles pauzinhos de incenso. Isso não presta. Refiro-me antes ao incenso que se compra granulado, similar àquele que se vêm nas Igrejas.

Eu próprio tenho o habito de fumegar a minha casa todas as semanas, para isso comprei uma simples terrina de cerâmica para o efeito, nada de especial. Não precisa de consagrações ou rituais próprios, visto esta não ser utilizada na Magia Cerimonial, para esse efeito tenho outro instrumento.

Como a maioria das pessoas vive em apartamentos e não possuem lareiras, e como no verão não se justifica acender a lareira para conseguir obter umas brasas para a fumegação, basta usar umas acendalhas escuras.

Então eu costumo acender entre duas a quatro acendalhas, e coloco-as na terrina, mas antes é importante colocar algumas pedras sobre a terrina de forma a servir de base, pois com o calor das brasas o material pode estalar (especialmente se for de má qualidade), depois é só colocar alguns grãos de incenso sobre as brasas, não é preciso colocar muito. Depois vai se andando com a terrina, e convém ter um prato por baixo para não se queimar as mãos, por toda a casa, dando mais atenção às entradas da casa.


 

Bibliografia Actualizada

Venho informar que a secção de Bibliografia/Downloads foi actualizada com os seguintes volumes. Dentro em breve será novamente actualizada com novos volumes.



A Chave para as Clavículas de Salomão (The Key to Solomon's Key, Duquette)


The Keys to the Gateway of Magic, Summoning the Solomonic Archangels and Demon Princes, Skinner & Rankine, Golden Hoar Press


Grimoirium do Papa Honorius III (The Great Grimoire of Pope Honorius III, versão clássica)









O Goetia Luciferiano (The Luciferian Goetia, Ford)


The Baphomet Codex - Ego Diabolus (O Código de Bafomé) 


Baphomet Magie, Walter Jautschilk, Verlag 
 

A Modern Goetic Grimoire, Rufus Opus (Grimorium Moderno de Goetia)


Edição Especial do Goetia (recomendo esta versão melhorada do Goetia)


Aleister Crowley's Illustrated Goetia (O Goetia Ilustrado de Aleister Crowley) 


Pacts with the Devil: a Chronicle of Sex, Blasphemy and Liberation, Hyatt & Black


The Black Raven: the Three fold Coercion of Hell 


The Book of Black Magic and of Pacts: Including the Rites and Mysteries of Goetic Theurgy, Sorcery, and Infernal Necromancy, Waite 


The Book of Cerimonial Magic: the Secret Tradition in Goetia, including the Rites and Mysteries of Goetic Theurgy, Waite 


The Infernal Conjurations of the Notorious Grimoire of Honorius




Collectanea Hermetica, Westcott, Theosophical Publishing Society 



Dark Mirrors: Azazel and Satanael in Early Jewish Demonology, Andrei Orlov, State University of New York
 

25.10.12

Filosofia da Magia - Recensão do Livro «The Language of Demons and Angels: Cornelius Agrippa's Occult Philosophy» e Download

Talvez um dos maiores Magos de toda a História, e uma figura notável do Renascimento Alemão foi Heinrich Cornelius Agrippa Von Nettesheim. Actualmente é mais conhecido por Cornelius Agrippa. Infelizmente no mundo do Esoterismo e das Ciências Ocultas, faz-se um estranho dualismo entre as importantes obras de Agrippa para a Magia Cerimonial e a sua Filosofia e Pensamento. O porquê de para alguns Magos ser difícil aplicar os conhecimentos da Magia de Agrippa resulta do facto de estarem a ler apenas os seus Grimoiriuns como se de um livro de receitas se tratasse (erro muito frequente neste e noutros autores), negligenciando a importância de toda a sua obra Filosófica, Alquimica, Astrológica e Teológica. De todas elas, a mais importante é sem dúvida a sua obra Filósofica.

Por tudo isso, recomendo este excelente livro para os mais ávidos em conhecimento: «The Language of Demons and Angels: Cornelius Agrippa's Occult Philosophy». Este livro foi escrito pelo Professor Christopher Lehrich da Universidade de Boston, e procura responder ao porquê de Agrippa ter exercido uma influência tremenda no seu tempo ainda como tem no nosso. As conclusões do Professor Lehrich assentam na própria filosofia e bases fundamentais de Agrippa, a saber a sua formação Neoplatónica, que o comprometia numa distinção fundamental entre fé e razão; entre o estudo do divino (teologia fundamental) e o estudo das coisas criadas (teologia natural).

Agrippa considerava que as incertezas da revelação Cristã, não nos referimos aos Dogmas ou aos Artigos de Fé, deveriam ser objectos do debate teológico, pelo que pensava ser adequado acomodar textos mais esotéricos assim como estratégias interpretativas para melhor se abarcar o problema da existência. O Professor Lehrich também mostra nesta importante obra, que o divino ocupa um lugar central na principal Obra Mágica de Agrippa, isto é o «De Occulta Philosophia» (1533) através da noção de «cadeia de vivificação» que liga o natural, com o celestial e com o mundo divino.

Esta noção é desenvolvida pelo autor em mais detalhe no capítulo 2 sobre o mundo natural; no capítulo 3 sobre o mundo celestial; no capítulo 4 sobre a realidade divina. Estes três capítulos centrais estão enquadrados por um capítulo introdutório, em que se anuncia possíveis ramificações teoréticas para a história da religião, da filosofia e da Magia. A obra termina com um capítulo conclusivo que sumariza a coerência do projecto intelectual de Agrippa, assim como as suas implicações para a história das ideias no período pós-moderno como nos dias de hoje.


24.10.12

Preparação de uma Varinha para Magia Cerimonial de Conjuração - Preparação para uma Conjuração (Parte 6)

Uma das ferramentas essenciais na Magia de Conjuração Cerimonial é a varinha. Este instrumento Mágico é o prolongamento das ordens de comando do Mago sobre as entidades que são conjuradas. As Clavicula Salomoni, prescrevem vários materiais para a sua realização. Hoje em dia possuo dois tipos de varinhas, uma para as Artes Negras feita de Ébano e outra feita de Aveleira para outro tipo de entidades e de trabalhos.

Neste post vou mostrar uma das primeiras varinhas que fiz, que foi durante a mesma altura da realização do Círculo Mágico que aqui já mostrei.

Esta varinha foi feita por mim há já vários anos, quando me iniciei nas Artes. Para isso não precisava de algo muito trabalhoso e dispendioso, quem começa a aprender deve começar por ferramentas simples. Da mesma maneira, algum aluno que comece a aprender um instrumento em concreto, começa por instrumentos mais baratos e só depois é que irá adquirir e usar instrumentos mais precisos e valiosos. Apesar de tudo, esta varinha foi me de grande utilidade e ainda a conservo apesar de lhe ter deixado de dar uso.

O modo de preparação é simples, fui a uma loja que vendia bengalas e pedi para comprar a estrutura básica de uma bengala em pinho com cerca de um metro de comprimento sem punho. Depois levei a bengala a um marceneiro e pedi que fizesse uma peça simples em madeira para servir de punho. Se não estou em erro o total que gastei foram 20€.

Depois segui o Rito segundo a Arte de Trithemius, mas em vez de colocar o «Ego alpha et omega» como expliquei no Post do Círculo Mágico decidi incorporar a palavra «Azot» à volta da varinha, para significar a mesma coisa, mas de forma mais pura. Uma vez decidido o esquema do que iria fazer marquei tudo com lápis e gravei a quente, tendo aplicado depois no fundo da gravação uma tinta prateada. Terminei o trabalho passando com verniz e pregando de forma simples com um prego o punho à estrutura da bengala.

Escusado será dizer que todos os materiais necessários, desde o prego, a tinta, a máquina para gravar a quente, o lápis e até o martelo que usei para pregar o punho foram todos aspergidos, fumegados e purificados segundo o ritual da Clavicula. Porém, o esquema de consagração que se seguiu uma semana depois da elaboração da varinha, que a partir daí deixou de ser bengala, foi o Rito segundo a Arte de Trithemius.

Já há muito que deixei de usar esta varinha. Ela é boa para iniciação, e não foi uma ferramenta mágica que tenha saído cara a sua realização. Além do mais, é algo de fundamental que nenhum Mago pode dispensar. Hoje possuo duas diferentes, mas para alguém se iniciar esta serve bem as suas funções.


Preparação do Óleo (ou Unguento) das Artes Negras - Magia Negra

O Óleo (ou Unguento) das Artes Negras são utilizados para dois fins. O primeiro é para trabalhos negros como por exemplo: imprecações, pregações e contaminações. O segundo é para a realização dos Pactos Negros, ou para rituais em que tem de se estar diante de um Demónio ou Espírito Impuro. A maioria dos ingredientes usados neste preparado, costumam ser os habituais em preparações para rituais mais específicos. Em particular, um dos ingredientes, a saber o verbasco (para saber mais), parece conferir às Artes Negras um auxílio na sua dimensão invocacional. Todo este preparado aumenta a capacidade para coagir as forças que são conjuradas. Contudo, se não pretende usar o Óleo nas Artes Negras para conjurar Demónios e Espíritos impuros recomendo que não coloque Verbasco.
 
Todavia, se pretende fazer algum mal a um seu inimigo, recorrendo a uma pregação ou imprecação, então deve ungir e aspergir com este óleo o rito material, para infligir grande dor no seu alvo. Para conjuração, o próprio Mago deve ungir-se com o Óleo, assim como aos materiais da preparação (por exemplo as velas, a varinha ou a faca sacrificial). O unguento também poderá servir para criar uma barreira extra no seu círculo Mágico.

Ingredientes:

  1. Patchouli (costumo mandar vir do Brasil);
  2. Raiz de Valeriana
  3. Sementes de Mostarda Preta;
  4. Musgo Espanhol (ou também conhecido como Barba de Velho, arranja-se cá em Portugal, mas é uma espécie especifica);
  5. Verbasco;
  6. Enxofre;
  7. Nove grãos inteiros de pimenta preta;
  8. Azeite q.b. (geralmente uso um copo de água);
  9. Cânfora (opcional).
Preparação:

Junta-se no almofariz uma colher de café de Patchouli, Raiz de Valeriana, Verbasco, Sementes de Mostarda Preta. Depois esmaga-se tudo muito bem com o pilão. Uma vez tudo bem esmagado coloca-se dentro do recipiente de vidro. Depois coloca-se metade de uma colher de chá de enxofre. E abana-se o frasco de vidro. Depois adiciona-se o Azeite e o musgo espanhol (sem ser esmagado) e mexe-se um pouco. Terminado este processo deixa-se a descansar por uma semana num local escuro, mas tendo o cuidado de pelo menos uma vez ao dia ir mexendo o frasco. Passada essa semana, existem Magos que colocam Cânfora no Óleo para evitar que este fique rançoso, contudo pessoalmente não me importo que os Unguentos fiquem nesse estado devido à sua própria natureza. Independentemente se coloca cânfora ou não, terá de colocar na mistura os nove grãos de pimenta preta esmagados e reservar por mais três dias.

Consagração:

A consagração do Óleo Negro é relativamente fácil, bastando conjurar alguma entidade negra menor na Sexta-Feira entre as 23h e a meia-noite. Pedindo a sua intercessão para que as forças impuras carreguem este Unguento em todos os intentos do Mago, que lhe prestem todo o tipo de auxílio e que o guardem de todo o erro.

Magia Negra para se Ganhar Dinheiro e Ficar Rico - Recensão e Apresentação do livro «Financial Sorcery: Magical Strategies to Create Real and Lasting Wealth»

Já várias pessoas me questionaram se a Magia Negra não podia ajudar alguém a enriquecer. Em verdade, tal pode ser feito, contudo é um tipo de ritual que não aprecio. Para mim as Artes Negras têm valor pelas Artes que são, e por aquilo que nos ajudam a descobrir sobre a nossa realidade. Uma fonte de conhecimentos que nos está acessível, mas que é difícil de se alcançar. E esta fonte, assim como a praxis desta Arte é que carregam um tesouro muito mais valioso do que o dinheiro.

Os Magos não procuram as Artes para enriquecer, e isto pode ser contraditório quando fazemos trabalhos com as Artes para outras pessoas a troco de dinheiro. Contudo, ninguém enriquece com este tipo de trabalhos, eles permitem o nosso sustento assim como são um pretexto para nos encontrarmos com estas entidades. Quem vai ao seu encontro, apenas pelo encontro e sem um motivo sólido, geralmente acaba por perecer, por mais forte que seja, as Artes Negras também corrompem o Mago.

Assim como eu, todos os verdadeiros Magos que conheci são pessoas que levam vidas simples, não têm grandes luxos. Não procuram riqueza, não conduzem carros de alta cilindrada, não se vestem com roupas de marca, não comem em restaurantes de luxo e não fazem viagens paradisíacas. Em verdade, quase todo o dinheiro que não vai para a subsistência, uma subsistência simples, é gasto em materiais para as Artes, são nelas que depositamos os nossos «fundos», pois é para elas que entregamos a nossa vida.

Para responder às inúmeras questões que me têm sido feitas deixo aqui disponível para Download o livro de Miller, um Mago que conheço pessoalmente, e que publicou este livro neste Verão: «Financial Sorcery: Magical Strategies to Create Real and Lasting Wealth».

Existem inúmeros livros sobre Magia e Dinheiro, assim como feitiços que prometem mudar a vida financeira de uma pessoa apenas com um ritual. Contudo, não é isso que trata este livro. Aquilo que Miller procura responder é à questão de que a maioria das pessoas leigas interessadas em Magia costumam fazer, a saber: «Se a Magia é real, e se se podem lançar feitiços, porque é que então tu não és rico?». Eu já comecei por responder a esta questão logo no início deste post. Contudo, segundo Miller as pessoas interessadas no Oculto, e que não são verdadeiramente Magos, podem recorrer a uma estratégia Mágica para construirem o seu património. Mais do que um Grimoirium ou um livro de feitiços, este é um livro que conjuga Magia mas principalmente com Estratégia.

Para além disso, o que se destaca neste livro são conselhos práticos a nível fiscal, planeamento económico, técnicas de investimento, e procura de emprego. Essencialmente é um livro que combina um esboço de estilo de vida com Magia. Além disso, este livro possui ainda informação sobre como livrar-se de dívidas, testar ideias de negócios, gerir dinheiro, entrevistas para empregos e potencializar promoções.

Por último, deixo este livro para quem pretender. Contudo, para mim pessoalmente não é uma área que me agrade muito. Nunca procurei as Artes para enriquecer, mas para aprender. Quem realmente se incorpora nos Cultos Negros, irá compreender que existem coisas mais valiosas que o Dinheiro ou a Ostentação de Riqueza. Mas cada um é como cada qual, e a mim não me compete julgar ninguém. E por isso, nem posso negar o potencial da Magia para isto, nem posso negar que já ajudei pessoas neste campo. O Mago apenas serve os desejos daqueles que o procuram.

23.10.12

Realização do Círculo Mágico da Arte - Preparação para uma Conjuração (Parte 5)

Como já referi no post anterior, para a realização de Magia Cerimonial de Conjuração é necessário um Círculo Mágico. Nest post vou mostrar como fiz um dos meus primeiros círculos há vários anos atrás. Mostro este porque é relativamente simples de ser feito, e bom para iniciados.

Então o desenho que utilizei foi este aqui (que já mostrei no post anterior): 


Por conseguinte, uma vez com o desenho e para manifestar esta Magia na nossa realidade concreta, tive de procurar tudo o que era necessário para a sua realização. Para isso, comecei por ir comprar uma lona de algodão. O algodão também serve para o efeito pretendido, contudo os materiais mais nobres são o linho ou carpete. Na altura, por não poder despender de muitos recursos económicos optei pelo algodão, e para alguém se iniciar não é preciso investir assim muito dinheiro. O que agora uso, um círculo bastante diferente em lona de Linho para Alta Magia Negra, custou-me há uns anos cerca de 650€ só o tecido. Contudo, em algodão se a memória não me atraiçoa foi qualquer coisa como 40€.

Então, nessa altura comprei lona de algodão com 1.8m por 2.4m, o que era o tamanho necessário para trabalhos sobre quatro paredes, além de ser o tamanho que cabia na sala de magia do sítio onde na altura morava.

Depois fui comprar tinta preta acrílica, vários pincéis, cordel e fita autocolante para pinturas. Em todo o material que utilizei, aspergi, fumeguei e purifiquei segundo os ritos do Clavicula Salomonis. E juntei todo o material em frente de uma vela consagrada, e rezei as orações próprias de consagração e purificação.

Depois passei à purificação do tecido, tendo colocado Óleo de Abramelin (mais à frente colocarei um post sobre a importância e preparação de Óleo de Abramelin) nos quatro cantos do tecido, mais nos quatro cantos dos pontos cardinais a virem ser desenhados no tecido. Depois queimei ólibano e mirra e levantando o tecido fui fumegando por cerca de uma hora, de maneira a que estes odores mágicos de purificação se fossem entranhando no tecido.

Durante o processo de realização do círculo apenas tinha vestido uma túnica branca devidamente consagrada, isto porque teria de estar agachado sobre o tecido pelo que teria de tocar no tecido, e arruinaria o projecto tocá-lo sem antes eu próprio estar purificado e alvo, assim como o tecido sobre mim.

Depois com o auxílio da fita autocolante, também ela purificada, ia colocando sobre o tecido não só para auxiliar nas pinturas, mas principalmente para nessa fita fazer as inscrições a lápis para depois em cima fazê-las mais direitinhas com o pincel.

Depois com o auxílio de um cd que tinha por casa; que também ele foi fumegado e purificado, pois o seu uso apenas que simples, sem as devidas preparações, poderia ter arruinado todo o projecto, utilizei para fazer os cantos interiores da cruz com forma circular.   

Uma vez tendo terminado o processo, peguei em todos os instrumentos consagrados, atei-os e coloquei dentro de um saco de tecido de algodão que previamente comprei para quando preciso de deitar fora as ferramentas. Como se sabe, os materiais consagrados não podem ser deitados para o lixo como fazemos com os restos da comida. Ou se queimam, ou se enterram em locais próprios. Como na altura não tinha uma lareira para os queimar, e como na altura também morava no centro da cidade, não podia fazer uma fogueira na rua, então de noite levei-os para o terreno de um cemitério nas redondezas da cidade e ali enterrei-os a uma boa profundidade. Só mais tarde vim a saber, que também os poderia ter deitado ao Rio ou então enterrado-os num sitio mais seguro para mim, a saber numa propriedade onde estivesse uma Igreja presente.

Uma semana depois do Círculo Mágico preparado, chega a altura em que se vai consagrar o próprio Círculo em si. Isto é um longo processo, como vem bem descrito no Clavicula Salomonis, mas como tinha em mente este Círculo Simples vir a ser usado na minha iniciação à mais Pura Magia Negra, então tive no ritual de consagração no mesmo, beber uma mistura profana de sangue de boi (comprado num talho) com vinho tinto e sal. Foi talvez a pior altura de todo o processo, porque é algo que me repugna, mas na Magia Negra temos de ter a capacidade de fazer sacrifícios, e alguns deles (até os mais fáceis) são termos de fazer coisas que nos repugnam à mente e aos sentidos.

Uma vez o processo completado, no dia seguinte alinhei o Círculo na minha pequena Sala Mágica, com o auxílio de uma bússola para os pontos cardinais correctos. E acendi uma vela consagrada para Este. Nessa noite realizei um pequeno Rito Cerimonial de conclusão de todo o processo, pedindo protecção e luz para todas as Artes que ali viria a realizar, sem que as trevas do engano me pudessem comprometer.  

Depois dessa parte do processo ter sido completada, e como me destinava a ali realizar Magia Negra, tive de fazer três Pentagramas em placas de madeiras. Dois destinavam-se à colocação das Velas Consagradas no Círculo. O terceiro destinava-se para colocar o fogareiro a carvão para as fumegações necessárias na Magia Cerimonial. Para isso comprei três placas de madeira simples com 15 cm de diâmetro. Hoje utilizo em ébano. Neles desenhei um pentagrama com o auxílio de um compasso e de um transferidor. Gravei os desenhos a quente recorrendo a um instrumento eléctrico para fazer gravações a quente de uma pessoa conhecida. Utilizei uma versão dos Diagramas Mágicos prescritos para aquele pentagrama, uma versão Negra. Uma vez com essa parte feita, apliquei um verniz e um revestimento final. O final do processo foi a consagração final que só fiz na noite seguinte.

Todo o processo levou-me cerca de duas semanas a completar. A parte mais chata do processo é quando temos de ser meticulosos em colocar a geometria direitinha, e se temos em vista Magia Negra, o Rito do Mago Negro (a parte de beber o preparado dito «vermelho»).
Este círculo é simples, portátil e mais barato que os normais, é uma boa Peça de Magia indispensável a quem pretende seguir estes Mistérios. Foi me de grande utilidade, e ainda o conservo. Mesmo não possuindo a habilidade de certos Magos para o desenho perfeito e para um traço fino, volto a dizer que o mais importante é a fidelidade e a concentração a todo o ritual.